sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A questão da especificidade das redes sociais em meio digital


A maioria dos estudos sobre o social-software, no âmbito da cultura digital e dos cyberstudies, adoptam uma prespectiva baseada em duas ideias fortes:

-uma epistemologia positivista assente no empirismo ingénuo. Assumem que o estudo dos new media, nomeadamente a cultura digital, obedece às lógicas da evidência semelhante aos estudos dos fenómenos físicos;

- numa divisão ingénua entre o mundo real da vida e o mundo virtual das novas redes digitais.

Estas duas ideias de base devem ser criticadas.

1. Crítica da epistemologia do empirismo ingénuo

Tal como afirma Brabham (2008), uma grande parte dos estudiosos dos new media analisam os "phenomena in networks through an empirical paradigm that assumes a real thing with an essence that can be known".


Ora, esta abordagem necessita de ser melhorada pois impede um conhecimento aprofundado dos fenómenos digitais emergentes.


"The problem with this approach, the new media empirics approach, is that it works to freeze the flows and interactivities of people and ideas in a concrete, present moment as the object of study" (Brabham, 2008).

De acordo com Corrêa (2008), José Luís Braga, Vilém Flusser, Marshall McLuhan, Jean Baudrillard e Roland Barthes são autores que defendem a permissa de que a produção de conhecimento neste campo não pode ser similar ao usado nas ciências naturais, pois é necessário interpretar e criar significados.

2. Crítica da divisão ingénua entre o mundo real e o mundo virtual

Segundo alguns autores, a produção de conhecimento nos new media efectua-se também no REAL, faz-se na vida real. Ou seja, o ciberespaço não é imaterialidade sendo antes um espaço real eletrónico de circulação da comunicação e da sociabilidade. Tal como Fischer, parece-me que a questão principal não é a diferença entre o real e o virtual invasor. "Is not one of reality's resistance to, or its vanishing into, a triumphant virtual parallel world, but of the close and creative hybridizing between reality and its powerful and expanding digital simulacrum" (Fischer, 2008).

3. Uma nova epistemologia

Nesse sentido, aparece como necessária uma reflexão epistemológica sobre os estudos dos new media. Elizabeth Corrêa (2008) defende que os new media studies apresentam uma série de características que requerem uma metodologia específica para o seu estudo assente na:

- inserção do estudo dos new media no campo da Comunicação;
- tríade tecnologia/comunicação/sociedade;
- vinculação entre a teoria e a prática.


Um novo modelo epistemológico deve, por isso, seguir estas orientações:
- o estudo de casos singulares
- a busca de indícios que remetem a fenómenos não imediatamente evidentes
- a distinção entre indícios essenciais e acidentais
- a articulação entre os indícios selecionados
- derivação de inferências


Desta forma, é necessário efectuar:
- o levantamento extensivo e detalhado dos traços caracterizadores do objecto;
- uma redução do objecto aos seus elementos mais significativos;
- uma separação dos indícios essenciais dos acidentais por meio de tentativas;
- uma articulação do conjuntos de indícios que possibilitem as inferências sobre o fenómeno.

Temos então aqui presente uma tríade:
situação empírica - bases teóricas - problemas de pesquisa

Para finalizar, e ainda segundo Corrêa (2008), autores como Fidler, Hayles, Lunenfeld, Janet Murray, Lev Manovitch, Bolder, Jenkis & Thornburn, Salaverría e Bertocchi vão na mesma linha caracterizando a comunicação em rede como sendo policrónica e multidirecional.


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Bibliografia:

CORRÊA, Elizabeth Saad (2008). «Reflexões para uma Epistemologia da Comunicação Digital», em Observatório (OBS*) Journal, 4; 307-320 [http://obs.obercom.pt/index.php/obs/article/view/116/142].

FISCHER, Hervé (2008), "2B OR NOT TO BE DIGITAL", in http://www.hervefischer.net/text_en.php?idt=5 [consultado em 15 de Outubro de 2008]

BRABHAM, Daren C. (2008) , Review of the book "Organized Networks: Media Theory, Creative Labour, New Institutions de Ned Rossiter", in http://rccs.usfca.edu/bookinfo.asp?ReviewID=535&BookID=388 [Consultado em 10 de Outubro de 2008].

Ver particularmente esta parte da recensão de Daren C. Brabham (2008):
"Rossiter argues we have become too easily consumed with the project of analyzing phenomena in networks through an empirical paradigm that assumes a real thing with an essence that can be known. The problem with this approach, the new media empirics approach, is that it works to freeze the flows and interactivities of people and ideas in a concrete, present moment as the object of study. This is ill-suited for the study of organized networks, which are moving interconnectivities, ongoing processes, and which emerge from past conditions through the present and into a future of possibilities. This plea for processual media theory by Rossiter resembles the media erotics work of critic Brian L. Ott (2004), whose critique of the stagnancy of television criticism at the time called for an attentiveness to the pleasures of audiences engaged in the co-creation of meanings in texts rather than the "revealing" of ideology latent in discrete texts". in Daren C. Brabham (2008) , Review of the book "Organized Networks: Media Theory, Creative Labour, New Institutions de Ned Rossiter", in
http://rccs.usfca.edu/bookinfo.asp?ReviewID=535&BookID=388 [Consultado em 10 de Outubro de 2008]

Livro recenseado: Ned Rossiter, Organized Networks: Media Theory, Creative Labour, New Institutions, Rotterdam, Netherlands: NAi Publishers, 2006


[texto escrito em conjunto com Luzia Pinheiro]




Social Networking Websites and Teens: An Overview

An interesting report about the teens and Social-networking in USA.

"A social networking site is an online place where a user can create a profile and build a personal network that connects him or her to other users.
In the past five years, such sites have rocketed from a niche activity into a phenomenon that engages tens of millions of internet users.
More than half (55%) of all online American youths ages 12-17 use online social networking sites, according to a new national survey of teenagers conducted by the Pew Internet & American Life Project.
The survey also finds that older teens, particularly girls, are more likely to use these sites. For girls, social networking sites are primarily places to reinforce pre-existing friendships; for boys, the networks also provide opportunities for flirting and making new friends".

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

The origins of 'social networking'

See this site about the origins of 'social networking':
First, the authors "describe features of Social Network Sites (SNSs) and propose a comprehensive definition". Then, they present the history of such sites and summarize existing scholarship concerning SNSs. They conclude with some considerations for future research.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Web 1.5: "social networking" entre o email e a Web 2.0


«SOE (social online environments, social networking sites, por ex. Hi5, Facebook, MySpace, Friendster, Linkedln, Orkut, Ringo, etc), são ferramentas de software social disponibilizadas num website de redes sociais, que permitem a cada utilizador criar um perfil de si próprio (através de descrições, fotos, listas de interesses pessoais) e construir uma rede pessoal de relacionamentos sociais que o conecta intencional e selectivamente com outros utilizadores pertencentes à sua rede pessoal ou outras redes pessoais e de interesses pessoais comuns, através da troca de mensagens privadas e públicas entre si.
Sites sociais actualmente muito populares como o Hi5, o MySpace e o Linkedln lançados em 2003, ou o Orkut e o FaceBook em 2004, constituem uma actualização e melhoramento das primeiras gerações de software social de comunicação mediada por computador como, por exemplo, o IRC dos anos 90.
O actual software social da Web 2.0 constitui, todavia, um incremento inovacional, possibilitando a conversação em tempo real, a partilha de ficheiros personalizados de imagens, música e vídeo, a videoconferência online com utilizadores de outras redes pessoais. Estas ferramentas oferecem um enorme potencial enquanto espaço dinâmico de sociabilidades, convívio e partilha de interesses, gostos e estilos. E, à semelhança dos seus antecessores, enquanto espaço de convívio e partilha, o software social fomenta quer a manutenção das sociabilidades pré-existentes offline quer a expansão das sociabilidades puramente online»

fonte: OBERCOM, «Web 1.5: As redes de sociabilidades entre o email e a Web 2.0», Flash Report, Maio 2008, pag 3
Retirado de:

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As redes sociais na Internet e a "dependência"


1. Introdução

Segundo o psicólogo David Smallwood, da Priory, o social-networking pode criar o "vício" dos novos amigos."Um dos sintomas do novo vício seria a sensação de rejeição e isolamento quando um pedido de amizade é rejeitado no serviço [por exemplo na rede social FaceBook]". Mais à frente, recomenda que "qualquer pessoa com problemas de vícios como compras, drogas ou álcool deveriam se manter longe de redes sociais online". E vai ao ponto de aconselhar os seus clientes: "Eu vejo pacientes que estão no Facebook e minha resposta é: pule fora". Contudo, esta posição não é consensual: "outro estudo divulgado ontem aponta que sites como o Facebook podem ser úteis para reduzir o isolamento de pessoas".


Ver o artigo completo aqui:
http://www.geek.com.br/modules/noticias/ver.php?id=39983&sec=6



Este texto levanta uma questão essencial que posso formular assim:


- as noções de McLuhan sobre a televisão, ao acentuar o carácter de dependência física (adictiva) da TV, podem-se aplicar à relação com o Ecrã Digital no caso do social-networking?

Até que ponto se está dependente, numa lógica semelhante às dependências físicas de substâncias químicas, do acto de usar o "rato", abrindo e fechando janelas no ecrã digital do computador, desse acto rítmico de reorganização temporal, dessa iluminação, tal como acontece com o adicto?

Será a "dependência" um bom conceito para compreender, por exemplo, a entrega ao zapping no caso do social-networking em que se passa rapidamente doa janela do Facebook para o Google e logo depois para o Messenger, numa aceleração como acontece com o comando à distância do ecrã televisivo.


2. McLuhan e o conceito de dependência



Nos anos 60, Marshall McLuhan desenvolveu a ideia de que os reais efeitos dos media se escondem por detrás dos supostos conteúdos. Os media mais eficazes serão os que mais facilmente criam no receptor a ilusão de que está a receber um conteúdo puro, iludindo de múltiplas maneiras a própria mediação, criando a ilusão do desaparecimento do media, criando uma imediação como dizem Bolter e Grusin. Mas não será que a mediação só se efectua exactamente por se manter oculta, tanto mais que a simples oposição exterior (meios) / interior (sujeito) deixou de funcionar rigidamente?

Neste sentido, o meio entra numa certa fusão com o sujeito, numa lógica de "hot", criando uma dependência forte. McLuhan, em 1969, chega mesmo a afirmar que: "a atracção pelas drogas alucinógenas é um meio de alcançar a empatia com o nosso meio ambiente electrónico, ambiente esse que é em si uma viagem interior sem drogas". Também em William Gibson, no seu famoso romance "Neuromancer", podemos ler: " o ciberespaço é uma alucinação consensual experimentada diariamente por milhares de milhões de operadores autorizados".

A dependência tornou-se um conceito fetiche, com uma força generalizadora, viral, aditiva, que é preciso questionar. O que significa que sejam utilizadas por vezes exactamente o mesmo tipo de explicações para a dependência das drogas e dos computadores «computer addiction» ou «Internet addiction», bem como da adicção à comida, à saúde, ao jogo, etc.?



Estamos de acordo com o que diz Karabeg. Torna-se necessário definir com mais rigor o que se entende por "adicção". Na verdade, o conceito antigo de "dependência" tem ainda uma forte carga negativa associada ao uso ilícito de drogas. Contudo, autores da nova ciência da comunicação começaram, desde há várias década atrás, a reverem o problema.


"The motivation for that theme is McLuhan’s wellknown observation that developing technical civilization while using old concepts is like driving a car while looking at the rear-view mirror. We extend McLuhan’s work one step further by creating one new concept. More precisely, we redefine or recycle an old concept by giving it a new meaning and a new life." (Karabe, 2008, p. 1).


Acentua-se uma mudança na forma de ver a dependência: "the change of our understanding of addiction from narcotics, alcohol, gambling to a shadow aspect of culture" (Karabeg, p. 1). De facto, "addiction is a shadow aspect of culture, a result of using cultural know-how to harm people and make them dependent. Controlling addictions has therefore always been one of the basic functions of culture" (p. 9).


Nas sociedades actuais, a lógica da dependência na relação com os novos media digitais já não é equilibrada pelas proibições de tipo religioso (tabus associados ao consumo excessivo de drogas tais como opiácidos, alcoolismo, jogo, etc ). Torna-se assim necessário entender esta nova dependência como uma das características fundamentais da nova sociedade da informação.

Ver: Dino Karabeg, "Addiction Pattern", in <http://folk.uio.no/poly/addiction-paper.pdf>. Consultado em 15 Out. 2008.


Esta questão irá merecer um desenvolvimento futuro. Entretanto vejam este blog sobre o Social Networking Addiction:

http://socialnetworkingrehab.blogspot.com/2007/09/step-1-recognize-you-have-problem.html


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

The Myths of Innovation by Scott Berkun - An interesting book about the myth of Technological Innovation

The Myths of Innovation

by
Scott Berkun

An interesting book about the myth of Technological Innovation

http://safari.oreilly.com/9780596527051?cid=orm-cat-readnow-9780596527051

Read this part of the presentation of the book:

"Our beliefs about how new ideas come about are based on wishful thinking and romanticized ideas of history. Like the story of how Newton discovered gravity when an apple hit him on the head. In the new paperback edition of The Myths of Innovation, bestselling author Scott Berkun takes a careful look at the history of innovation, including the recent software and Internet age, to reveal powerful truths about how ideas become successful innovations -- truths that people can apply to the challenges of the present day. By understanding how Einstein's discovery of E=mc2 or Tim Berner Lee's creation of the Web were based on the re-use of work done by others, you will see new ways to develop existing knowledge into new innovations."