terça-feira, 19 de agosto de 2008

O social software e os adolescentes. As preocupações de uma mãe

Em algumas conversas informais que mantive no âmbito do meu estudo sobre o cyberbullying, deparei-me com a mãe de uma adolescente de 15 anos que estava muito preocupada, pois a filha passava as horas livres na Internet, em sites de social software.

Ora a preocupação da mãe devia-se ao facto da filha não ter amigos na escola (amigos da sua idade, da sua turma) e de ter muitos amigos feitos na Internet. Segundo a mãe todos mais velhos. As suas melhores amigas eram duas raparigas de 17 e 18 anos respectivamente, ou seja, 2 e 3 anos mais velhas que a sua filha e que moravam a cerca de 450 km de distância.

Isto preocupava de tal forma a mãe que até já se encontrava à procura de um psiquiatra para a filha. Isto até falar comigo.

O que se passava era que a mãe não compreendia porque a filha não tinha amizades na escola, daquelas com as quais se pode estar fisicamente. E via as amizades feitas com recurso ao social software como algo que não valia.

Acontece que este tipo de amizades é muito saudável, pois vem dar resposta ao problema das barreiras físicas e geográficas, possibilitando a interacção entre pessoas com gostos e interesses semelhantes de todos os cantos do mundo e de todas as idades. E isto em tempo real.

Assim sendo, não existe nenhum problema em não se ter amigos nos círculos sociais em que nos movimentamos, pois simplesmente essas pessoas apresentam gostos e interesses diferentes dos nossos. Logo, vamos procurar responder à nossa necessidade de interacção através dos meios que temos à nossa disposição. Esses meios são o computador, a Internet e o social software? Sim. Então nada mais tenho a acrescentar, além de que do outro lado da rede se encontra uma pessoa que, tal como nós, procura interagir com alguém com interesses semelhantes.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Luzia,
    é absolutamente inquestionável o préstimo da internet na ampliação da nossa vida. No entanto não seria tão peremptória a afirmar que "não existe nenhum problema em não se ter amigos nos círculos sociais em que nos movimentamos"e ainda mais em idades tão tenras.

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  3. Sim, mas a verdade é que não há problema mesmo. Simplesmente os outros miudos da idade dela tinham interesses diferentes e gozavam com ela. Não a deixavam entrar no circulo de amizade porque ela era diferente. Eu também passei por isso. Sempre me dei melhor com pessoas mais velhas que eu. Houve alturas, quando eu tinha a idade desta miuda, que também não tinha amigos.. tinha colegas de escola, mas amigos, não. E não tive problemas por causa disso, pois encontrei algo que preencheu o vazio...

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  4. Cara Luzia,

    Após ler o seu texto é-me impossível não deixr um alerta. Não pondo de forma alguma em causa todas as mais valias da internet, nomeadamente no que diz respeito à sociaização, conhecimento e partilha de interesses. A situação que descreve seria perfeitamente normal se estivéssemos a falar de um adulto. Ora não é o caso. Conta-nos a história de uma criança, adolescente, que ainda não possui o desenvolvimento cgnitivo e a maturidade para gerir relacionamentos, para lidar sozinha com uma multiplicidade de factores que terão levdo ao seu isolamento social, muito menos para tomar decisões. Os riscos de um crescimento baseado em relações virtuais e sem que haja preocupação real e urgente dos pais para com uma filha adolescente que está só entre os seus pares asssemelhe-se-me como uma perfeit irresonsabilidade. Mais do que nunca, como pais, como técnicos e como adultos cabe-nos em conjunto com as "nossas crianças" intervir em todos os níveis (escola, consultas, maior proximidade pais-filhos, novas actividades, etc.) para que se possa então avaliar o sofrimento e as consequências daquio que uma miúda de 15 anos está a viver. Não me parece que amigos a mais de 400 e tal kms de distância e que nenhum adulto conhece a vão ajudar a crescer segura e feliz. Pelo menos não sem mais nenhuma mudança.

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  5. Sim, compreendo o seu alerta. Tem razão. As consequencias existem. Mas o problema não está na adolescente. Mas nos circulos em que se move. Não tenho informações sobre eles, mas talvez se fossem alargados ela encontrasse amigos.
    É um caso em que os pais deveriam intervir, não um psicólogo ou psiquiatra. Os pais devem colocar a filha em algum curso, por exemplo. Enquanto isso não acontece, a internet ajuda a garota a preencher o vazio. Isto deixa lacunas evidentemente. Mas não tão graves como se ela não tivesse acesso à Internet.

    Era isso o que queria transmitir. Obrigada pelo seu comentário!

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