1. Introdução
Segundo o psicólogo David Smallwood, da Priory, o social-networking pode criar o "vício" dos novos amigos."Um dos sintomas do novo vício seria a sensação de rejeição e isolamento quando um pedido de amizade é rejeitado no serviço [por exemplo na rede social FaceBook]". Mais à frente, recomenda que "qualquer pessoa com problemas de vícios como compras, drogas ou álcool deveriam se manter longe de redes sociais online". E vai ao ponto de aconselhar os seus clientes: "Eu vejo pacientes que estão no Facebook e minha resposta é: pule fora". Contudo, esta posição não é consensual: "outro estudo divulgado ontem aponta que sites como o Facebook podem ser úteis para reduzir o isolamento de pessoas".
Ver o artigo completo aqui:
http://www.geek.com.br/modules/noticias/ver.php?id=39983&sec=6
Este texto levanta uma questão essencial que posso formular assim:
- as noções de McLuhan sobre a televisão, ao acentuar o carácter de dependência física (adictiva) da TV, podem-se aplicar à relação com o Ecrã Digital no caso do social-networking?
Até que ponto se está dependente, numa lógica semelhante às dependências físicas de substâncias químicas, do acto de usar o "rato", abrindo e fechando janelas no ecrã digital do computador, desse acto rítmico de reorganização temporal, dessa iluminação, tal como acontece com o adicto?
Será a "dependência" um bom conceito para compreender, por exemplo, a entrega ao zapping no caso do social-networking em que se passa rapidamente doa janela do Facebook para o Google e logo depois para o Messenger, numa aceleração como acontece com o comando à distância do ecrã televisivo.
2. McLuhan e o conceito de dependência
Nos anos 60, Marshall McLuhan desenvolveu a ideia de que os reais efeitos dos media se escondem por detrás dos supostos conteúdos. Os media mais eficazes serão os que mais facilmente criam no receptor a ilusão de que está a receber um conteúdo puro, iludindo de múltiplas maneiras a própria mediação, criando a ilusão do desaparecimento do media, criando uma imediação como dizem Bolter e Grusin. Mas não será que a mediação só se efectua exactamente por se manter oculta, tanto mais que a simples oposição exterior (meios) / interior (sujeito) deixou de funcionar rigidamente?
Neste sentido, o meio entra numa certa fusão com o sujeito, numa lógica de "hot", criando uma dependência forte. McLuhan, em 1969, chega mesmo a afirmar que: "a atracção pelas drogas alucinógenas é um meio de alcançar a empatia com o nosso meio ambiente electrónico, ambiente esse que é em si uma viagem interior sem drogas". Também em William Gibson, no seu famoso romance "Neuromancer", podemos ler: " o ciberespaço é uma alucinação consensual experimentada diariamente por milhares de milhões de operadores autorizados".
A dependência tornou-se um conceito fetiche, com uma força generalizadora, viral, aditiva, que é preciso questionar. O que significa que sejam utilizadas por vezes exactamente o mesmo tipo de explicações para a dependência das drogas e dos computadores «computer addiction» ou «Internet addiction», bem como da adicção à comida, à saúde, ao jogo, etc.?
Estamos de acordo com o que diz Karabeg. Torna-se necessário definir com mais rigor o que se entende por "adicção". Na verdade, o conceito antigo de "dependência" tem ainda uma forte carga negativa associada ao uso ilícito de drogas. Contudo, autores da nova ciência da comunicação começaram, desde há várias década atrás, a reverem o problema.
"The motivation for that theme is McLuhan’s wellknown observation that developing technical civilization while using old concepts is like driving a car while looking at the rear-view mirror. We extend McLuhan’s work one step further by creating one new concept. More precisely, we redefine or recycle an old concept by giving it a new meaning and a new life." (Karabe, 2008, p. 1).
Acentua-se uma mudança na forma de ver a dependência: "the change of our understanding of addiction from narcotics, alcohol, gambling to a shadow aspect of culture" (Karabeg, p. 1). De facto, "addiction is a shadow aspect of culture, a result of using cultural know-how to harm people and make them dependent. Controlling addictions has therefore always been one of the basic functions of culture" (p. 9).
Nas sociedades actuais, a lógica da dependência na relação com os novos media digitais já não é equilibrada pelas proibições de tipo religioso (tabus associados ao consumo excessivo de drogas tais como opiácidos, alcoolismo, jogo, etc ). Torna-se assim necessário entender esta nova dependência como uma das características fundamentais da nova sociedade da informação.
Ver: Dino Karabeg, "Addiction Pattern", in <http://folk.uio.no/poly/addiction-paper.pdf>. Consultado em 15 Out. 2008.
Esta questão irá merecer um desenvolvimento futuro. Entretanto vejam este blog sobre o Social Networking Addiction:
http://socialnetworkingrehab.blogspot.com/2007/09/step-1-recognize-you-have-problem.html
É uma questão complexa. De facto podemos associar esta "dependência" à criada relativamente ao ecrã da televisão no seguinte sentido: quando começamos a olhar o ecrã, deixamos de ver o que se passa a nossa volta.
ResponderEliminarAcerca da dependência que as pessoas criam em torno dos sites eu distingo 4 modelos:
modelo 1: vicio da Internet
Estas pessoas ficam de tal forma viciadas na Internet que não conseguem alhear-se dela e vivem em constante ansiedade para ver todos os movimentos que os outros utilizadores dão. Desde andar a ver todos os comentários que uma pessoas fez, a seguir com atenção um jogo online.
modelo 2:os que usam os sites como jogos
São os adeptos de sites de network que usam como um jogo. Começam sem pensar quando num belo dia reparam que faltam apenas 3 amigos para chegarem aos 50 amigos.. então partem para o objectivo dos 50. Depois, "ah, vou chegar aos 100".... e por aí fora, como se fosse um jogo.
Modelo 3: os verdadeiros maníacos dos records
Aqueles que chegam a um site prontos pra bater todos os records de adiocionar amigos, comentários e tudo o que conseguirem. Quando alguém não os aceita como amigo ou não retribui um comentário...esse maníaco insiste e insiste... até a outra pessoa ceder... ou o bloquear.
Modelo 4: os que usam a Internet como um escape da realidade
Pois é, temos aqui as pessoas que vivem sós ou isoladas, ou mesmo as que tem muito tempo livre e encontram na Internet uma forma de escape á solidão e de matar o tempo. Para estas pessoas a Internet é como uma terapia.
Agora, para mim, isto tem a ver com a personalidade de cada um e o nível de envolvimento que tem com a Internet ou um determinado site.
Se fazem de um pedido de amizade uma questão fundamental, ou uma simples recusa do pedido funciona como uma bomba para a auto-estima da pessoa... isso já é grave.
Mas que há aqui muitas pessoas que veem no número de amigos um rótulo informativo de "eu é que sou fixe", "eu sou popular", "todos gostam de mim".... há.
E sem falar na parte da elevação da auto-estima...