"A cibercultura nos dá, desde o início, exemplos de como a apropriação social dirige os rumos do desenvolvimento tecnológico.
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No entanto, essa apropriação social da tecnologia não é exclusiva do campo das novas tecnologias ou das novas mídias, mas inerente à toda evolução tecnológica. Veja, nesse sentido, o interessante site de Kevin Kelly, Street Use, para se ter uma idéia dessa apropriação ao quotidiano. Gambiarras são produzidas o tempo todo. Desde sempre, e desde o início, o “Homo Faber”, o que faz coisas, e “Homo Ludens”, o que “joga” com as coisas, se encontram no mesmo Homem que lida com seus artefatos. E é nos desvios que surgem sempre os usos mais criativos, críticos ou mesmo inovadores, no sentindo de impulsionar, no seu modo de existência (Simondon), os destinos da sociedade humana.
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Hoje o Twitter é incontornável, utilizado para reforço social e comunitário, como forma de denúncia política (como recentemente no Irã) ou de ajuda humanitária (nos terremotos do Haiti e do Chile), para a circulação de informações acadêmicas, propaganda governamental e/ou empresarial, como extensão de empresas de informação, etc. Os usos são inúmeros e variados. Assim, o que foi pensado como uma simples atualização de amigos dizendo o que eles estariam fazendo naquele momento, se transformou, pelo uso social e não pela intenção original, em algo maior, mais importante e menos frívolo. As vezes, dizer o que se está fazendo é o que menos aparece no sistema.
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Nada disso foi previsto e tudo isso só enriquece a ferramenta, os usuários e, obviamente, seus idealizadores. E assim caminha a cibercultura no embate entre o “sistema” e o “mundo da vida” mostrando a adaptação do primeiro e a criatividade do último.
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